O
ser humano sempre se questionou e sempre se questionará sobre aspectos de sua
vida. Aliás, isto é ótimo que aconteça! A filosofia nasceu e é alimentada com
os porquês.
O
grande problema é quando os porquês ficam apenas direcionados ao TU, isto é,
quando fica se questionando e perguntando por que o TU agiu da forma que agiu.
E sabe por que é problemático? Porque queremos entender as razões que estão no
TU, afim de entender os sentimentos que estão em nós (no EU). Antes de mais
nada, quero deixar claro que este raciocínio está voltado para a questão dos
relacionamentos e os términos, tendo em vista que perguntar sobre os porquês as
pessoas agiram da forma como agiram é muito válido em outras situações (um
sociólogo, por exemplo).
Ao
invés de ficarmos focados no porquê o TU fez o que fez ou agiu da forma como
agiu, seria muito mais produtivo se nos perguntássemos no COMO deveríamos agir
a partir da atitude cometida por ele. Isto nada mais é que voltar o porquê para
si mesmo e perceber que os porquês feitos ao EU são capazes de fazer com que
enxerguemos nossa própria realidade (ao invés de ficarmos no mundo da
imaginação e das hipóteses do porquê o TU fez o que fez) e, assim, consigamos
agir e empreender as mudanças que precisam ser feitas.
Em
uma aula, um aluno me perguntou o seguinte: “Por que ser normal, quando o
bacana é ser diferente”? Então, virei para ele e questionei: “O que é ser
normal, para você? O que é ser diferente? Pois estou olhando para você e vendo
que se veste e age como a maioria, portanto, você está absolutamente normal. Ora,
se você considera que ser diferente é ser bacana, porque está tão normal”? E
ele não soube responder o que considerava normal e o que considerava diferente!
A
partir do exemplo do aluno, quero mostrar que muitas vezes as pessoas jogam
frases sem saber ao certo o que estão falando. É necessário questionar o que se
fala, porque quando fazemos os porquês a nós mesmos e, assim, questionamos
nosso próprio pensamento, então chegamos em algumas conclusões sobre como
devemos agir. Caso contrário, seremos meros papagaios que reproduzem bordões
ditados pelos outros. Cuidado! Porque vejo que há muitas pessoas que são
papagaios em nível sentimental. Reproduzem frases de “alma gêmea”, de “amor
eterno”, de “sentimento puro e verdadeiro” etc e, na verdade, se fizessem os
porquês a si mesmos e questionassem o que entendem daquilo que estão falando,
chegariam à conclusão de que as atitudes estão bem distantes daquilo que estão
pronunciando.
Há
pessoas que decretam a IMPOSSIBILIDADE de esquecer alguém. E sabe por que fazem
isso? Porque decretar a impossibilidade é mais fácil, pois assim não se tem que
perguntar no que deve ser feito e em quais estratégias usar, bem como qual
caminho se deve percorrer. É igual a pessoa que olha para uma montanha e diz: “Eu
hein, é impossível escalar isso”! Ora, dizendo assim é mais fácil e ela
simplesmente senta e fica olhando a montanha à sua frente. Bem diferente,
porém, é a pessoa que olha para a montanha e diz: “Uau, é difícil pra caramba.
Mas vou subir”. Esta pessoa sabe da dificuldade que encontrará, contudo, não
fica parada no pé da montanha. Analisa o que precisa ser feito para que consiga
chegar lá no topo. Pergunta-se sobre como deve agir para que chegue lá; tem
consciência da dificuldade, mas não decreta a impossibilidade. Não fica focada no PORQUÊ a montanha é alta, mas sim no COMO desenvolverá as próprias atitudes para escalá-la.
Portanto,
ao invés de ficar perguntando no porquê fizeram o que fizeram para você ou no
porquê uma pessoa que dizia amar, simplesmente deixa de amar, mais produtivo
seria voltar os porquês para si mesmo, e questionar os próprios pensamentos e
colocar em xeque os próprios sentimentos e quais têm sido as atitudes diante do
que fizeram conosco. Ou seja, nada mais é que tirar o foco do porquê o TU fez o
que fez e voltar a questão para o COMO agirei diante disso. Pense nisso! Forte abraço:
André Massolini
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