O
amor incondicional é definido como aquele que não impõe condições; é aquele que
ama sem esperar nada em troca.
Quem
acompanha o Canal Ponto de Vista, sabe que meu ponto de vista acerca deste tipo
de teoria é categórico: não acredito que tal amor combine com relacionamento
amoroso! Na relação amorosa, amar e não esperar nada em troca é, a meu ver,
anular-se. É criar uma dependência amorosa e, justamente por isso, aceita-se
absolutamente tudo que o outro faz – ainda que esteja colocando-se à margem da
própria vida e deixando o amor próprio de lado. É o tipo de situação em que a
pessoa apenas entrega, apenas oferta e não recebe nada ou, quando muito, recebe
algumas migalhas.
Há
pessoas que vão dizer que este é o tipo de amor mais sublime que existe, pois é
o amor desinteressado! É o amor que ama sem esperar nada! É o amor que
simplesmente ama! É o “amor-entrega”, o amor-doação. Respeito quem pensa assim.
Porém, continuo achando que, na verdade, este tipo de atitude, EM RELAÇÃO
AMOROSA, está muito mais ligado a dependência, preenchimento de carências,
falta de amor próprio etc, do que com algo “sublime” e um amor profundo e
verdadeiro. Aliás, para mim, amor profundo e verdadeiro, em relacionamento amoroso,
não combina com sofrimento e anulação!
E
vou além em meu raciocínio: será que, de fato, é um amor incondicional? Será
que, de fato, é um amor que ama de forma desinteressada? Ora, a partir do
momento que a pessoa aceita a desconsideração da outra pessoa, a partir do
momento que oferece o seu melhor - mesmo não recebendo nada em troca -, será
que, na verdade, não está fazendo isso justamente porque não quer ser deixada?
Será que não aceita as humilhações porque tem medo de perder a outra pessoa,
ainda que ela esteja dando apenas migalhas? Está amando e fazendo de tudo
porque não quer que a outra se afaste. Ora, então podemos dizer que está
fazendo tudo o que faz porque, na verdade, tem interesse que a outra pessoa
permaneça ao seu lado. Logo, não é um amor desinteressado!
Conseguiu
acompanhar meu raciocínio? É por isso que nem naquelas situações em que as
pessoas dizem que “o que importa é que elas estão amando e não esperam nada em troca”,
continuo não acreditando no desinteresse deste amor! Elas têm interesse sim!
Interessam-se em ter a pessoa ao lado delas (e nem percebem que isto, na
realidade, é por causa da dependência amorosa que criaram). É por isso que
devemos mergulhar, sem medo, no mais profundo do nosso ser e mexer e remexer
nos porquês. É perguntar porque sinto o que sinto; é colocar em dúvida as
próprias certezas; é analisar se não estamos nos iludindo com uma visão maquiada
do amor, a fim de esconder as imperfeições de nosso próprio eu (carências e
inseguranças, por exemplo). Quando fazemos isso, criamos a possibilidade de nos
encararmos como somos, de encararmos a situação real e de percebermos quais são
as máscaras e maquiagens que estamos usando em nível sentimental e, com isso,
conseguimos nos libertar de muitas amarras emocionais. Pense nisso! Forte
abraço: André Massolini
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