Meus
queridos, acredito que temos uma tendência natural de julgarmos as situações e
as pessoas a partir de nós mesmos, justamente por sermos únicos e, assim,
acabamos nos tornando o próprio critério de análise.
Todavia,
é um grande problema quando, a partir de nós mesmos, ou seja, a partir da
parte, estendemos o julgamento ao todo. É o processo de indução: a partir do
particular chega-se ao universal. Porém, é muito complicado e perigoso julgar o
todo a partir da parte, isto é, lançar uma afirmação universal a partir do particular. É querer que
absolutamente todas as pessoas se enquadrem no meu padrão específico de pensar.
Não precisa ser estudioso da História para saber o quanto de sangue este tipo
de pensamento já derramou.
Precisamos
ter consciência de que nossa forma de pensar não pode ser soberana! Em termos
sociológicos, quando uma cultura quer se sobrepor a outra, considerando-se
melhor ou superior, chamamos de etnocentrismo. Em nossa própria História fomos
vítimas deste padrão cultural. Os colonizadores ridicularizaram a cultura
indígena, tratando-os como animais sem alma. Hitler, por sua vez, assim o fez
com judeus, negros, deficientes, homossexuais. Nossos ancestrais assim agiram
com os negros, julgando-os inferiores apenas por terem a cor da pele diferente.
Quem mora na capital costuma ridicularizar quem mora no interior (“os
caipiras”). Enfim, são infindáveis os exemplos!
Contudo,
o que mais me espanta é que, provavelmente, todos nós nos enquadramos em algum
tipo de discriminação. Mas, nem por isso deixamos de discriminar! Por que
reproduzir algo que sabemos que faz mal? Por que reproduzir e propagar algo que
sabemos machucar e ofender? Por que o pensamento alheio, quando se manifesta
diferente, incomoda tanto? Por que querer ridicularizar ao invés de apenas
perceber que a pessoa tem, justamente por estar num lugar diferente do nosso,
apenas uma outra visão do mesmo objeto ao qual olhamos?
Veja
bem, é maravilhoso termos certeza e convicção do que queremos e do que nos faz bem! Mas, a partir
daí, querer impor uma vontade, um desejo, uma convicção e uma certeza
particular ao universal já é um grande problema! Muita gente diz: “Mas eu não
estou querendo impor nada. Apenas mostrei como penso”. Contudo, quando a forma
como se mostra o que se pensa é ridicularizando ou debochando de quem pensa
diferente, então fica evidente que a tentativa é de imposição, pois quero fazer
com que o outro sinta-se ridículo e, assim, junte-se a mim e desfrute da
tranquilidade do pensamento “correto”.
Temos
todo o direito de discordar do pensamento alheio! Assim como temos direito de
expor as razões pelas quais pensamos diferente. Mas jamais podemos nos esquecer
que é apenas a nossa forma de pensar. Querer a uniformização do universal a
partir do particular é tirania e um desrespeito à particularidade e
singularidade de cada pessoa. Pense nisso! Forte abraço: André Massolini
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