Vivemos
em uma época marcada por um relativismo muito grande. Tal relativismo me remete
a um sofista, Protágoras, que dizia: “O homem é a medida de todas as coisas,
das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”.
Veja
bem, Protágoras é do século quarto antes de Cristo e há diversas interpretações
sobre sua filosofia, inclusive baseadas em estudos sobre o que significava o
termo “homem” na época em que ele escreveu e tantas outras. Portanto, não estou
fazendo um estudo aprofundado de sua filosofia, mas apenas citando a fim de
elucidar o tema abordado neste artigo.
Sim,
de fato, o homem é a medida de todas as coisas. A própria Estética, que é um
tratado filosófico, mostra-nos bem isso, ou seja, existe o belo enquanto belo,
ou o belo é algo subjetivo e totalmente ligado a meus critérios pessoais? A
experiência tem nos mostrado que, de fato, o belo está ligado às categorias
mentais, culturais e valorativas que cada indivíduo possui. Ou, como ouvimos
popularmente: “Gosto é igual nariz (risos), cada um tem o seu”.
Ora,
mas se cada homem é a medida de todas as coisas, então como fica a ética e a
moral? Se cada homem pode determinar qual é a medida, então por que existem as
leis, as regras e as convenções?
Acredito
que uma das explicações para tanta maldade, para tanto desrespeito, para tanto
egoísmo encontra-se justamente neste questionamento que estamos fazendo. As
pessoas estão querendo decidir a seu bel prazer o certo e o errado, o ético e o
antiético e estão se esquecendo que vivem em sociedade.
De
fato, temos nossa individualidade, nossa personalidade, nossos gostos, enfim,
nossa unicidade, e isto é essencial e de extrema importância para nosso
desenvolvimento como seres humanos saudáveis e maduros. Porém, temos que ter
consciência que nossa individualidade vai até onde começa a do outro. Não
podemos fazer com que o desejo egoísta pelo meu prazer, pelo meu sucesso ou
pelo meu bem-estar fale mais alto que o respeito pelo outro ser humano. Não
posso ser a medida de todas as coisas e, no intuito de atingir meu prazer ou de
alcançar meu intento, transformar o outro num mero meio para a consecução deste
fim que busco alcançar.
Temos
visto e presenciado pessoas marcadas por uma insensibilidade absurda. Talvez
porque os meios de comunicação de massa mostrem muitas tragédias minuto a
minuto, segundo a segundo e, de certa forma, as novas gerações estão crescendo
com a sensação de que isto é “normal” e ficam apáticas diante de tais fatos. Prova
disso é que, cada vez mais, os jovens se acomodam diante dos escândalos de
corrupção e não estão interessados em lutar para mudar esta triste realidade.
Ou, talvez, tenham introjetado que “o homem é a medida de todas as coisas” e
que, portanto, cada um tem que cuidar de sua própria vida e decidir o que é
certo ou errado.
Precisamos
perceber que regras sociais são necessárias, leis são necessárias e, sobretudo,
o respeito é necessário. Não podemos nos transformar em “monstros” que, a fim
de atingir seu prazer ou saciar sua fome, atacam e passam por cima dos outros.
Se esta for a consciência a prevalecer na sociedade, então Thomas Hobbes tinha
razão em dizer que “o homem é o lobo do próprio homem” e nossa sociedade
entrará em colapso.
Nosso
valor como pessoa única e irrepetível é incontestável, assim como o respeito
pelo outro que pensa diferente de mim. E, mesmo cada pessoa pensando diferente
e enxergando as mesmas situações sob ângulos diversos, todos devemos privar
pelo bem-estar coletivo, garantindo assim a pacífica e harmônica convivência
social. Forte abraço: André Massolini
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