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terça-feira, 17 de setembro de 2013

A sociedade do relativismo


Vivemos em uma época marcada por um relativismo muito grande. Tal relativismo me remete a um sofista, Protágoras, que dizia: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”.
Veja bem, Protágoras é do século quarto antes de Cristo e há diversas interpretações sobre sua filosofia, inclusive baseadas em estudos sobre o que significava o termo “homem” na época em que ele escreveu e tantas outras. Portanto, não estou fazendo um estudo aprofundado de sua filosofia, mas apenas citando a fim de elucidar o tema abordado neste artigo.


Sim, de fato, o homem é a medida de todas as coisas. A própria Estética, que é um tratado filosófico, mostra-nos bem isso, ou seja, existe o belo enquanto belo, ou o belo é algo subjetivo e totalmente ligado a meus critérios pessoais? A experiência tem nos mostrado que, de fato, o belo está ligado às categorias mentais, culturais e valorativas que cada indivíduo possui. Ou, como ouvimos popularmente: “Gosto é igual nariz (risos), cada um tem o seu”.
Ora, mas se cada homem é a medida de todas as coisas, então como fica a ética e a moral? Se cada homem pode determinar qual é a medida, então por que existem as leis, as regras e as convenções?
Acredito que uma das explicações para tanta maldade, para tanto desrespeito, para tanto egoísmo encontra-se justamente neste questionamento que estamos fazendo. As pessoas estão querendo decidir a seu bel prazer o certo e o errado, o ético e o antiético e estão se esquecendo que vivem em sociedade.
De fato, temos nossa individualidade, nossa personalidade, nossos gostos, enfim, nossa unicidade, e isto é essencial e de extrema importância para nosso desenvolvimento como seres humanos saudáveis e maduros. Porém, temos que ter consciência que nossa individualidade vai até onde começa a do outro. Não podemos fazer com que o desejo egoísta pelo meu prazer, pelo meu sucesso ou pelo meu bem-estar fale mais alto que o respeito pelo outro ser humano. Não posso ser a medida de todas as coisas e, no intuito de atingir meu prazer ou de alcançar meu intento, transformar o outro num mero meio para a consecução deste fim que busco alcançar.
Temos visto e presenciado pessoas marcadas por uma insensibilidade absurda. Talvez porque os meios de comunicação de massa mostrem muitas tragédias minuto a minuto, segundo a segundo e, de certa forma, as novas gerações estão crescendo com a sensação de que isto é “normal” e ficam apáticas diante de tais fatos. Prova disso é que, cada vez mais, os jovens se acomodam diante dos escândalos de corrupção e não estão interessados em lutar para mudar esta triste realidade. Ou, talvez, tenham introjetado que “o homem é a medida de todas as coisas” e que, portanto, cada um tem que cuidar de sua própria vida e decidir o que é certo ou errado.
Precisamos perceber que regras sociais são necessárias, leis são necessárias e, sobretudo, o respeito é necessário. Não podemos nos transformar em “monstros” que, a fim de atingir seu prazer ou saciar sua fome, atacam e passam por cima dos outros. Se esta for a consciência a prevalecer na sociedade, então Thomas Hobbes tinha razão em dizer que “o homem é o lobo do próprio homem” e nossa sociedade entrará em colapso.

Nosso valor como pessoa única e irrepetível é incontestável, assim como o respeito pelo outro que pensa diferente de mim. E, mesmo cada pessoa pensando diferente e enxergando as mesmas situações sob ângulos diversos, todos devemos privar pelo bem-estar coletivo, garantindo assim a pacífica e harmônica convivência social. Forte abraço: André Massolini

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