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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Metamorfose ambulante


Meus queridos, a letra de Raul Seixas pode, muito a grosso modo e não de forma acadêmica, claro, lembrar um embate antiquíssimo da Filosofia, presente nas teorias de Parmênides e Heráclito.
Um falava sobre a imutabilidade do ser (Parmênides), ao passo que o outro falava que tudo era devir, era o processo do vir-a-ser, era a transformação, o movimento (Heráclito). Não quero dissertar sobre as propriedades do ser ou utilizar de termos filosóficos, mas, a partir deles e da letra de Raul, falar sobre a importância de nos abrirmos ao novo.

Raul preferia ser a metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Com toda certeza, seria discípulo de Heráclito. É o processo de evolução do ser humano! E ainda bem que evoluímos. Se não fosse isso, as mulheres ainda estariam sem votar e os negros acorrentados a troncos, entre tantas outras barbaridades que só podem ser entendidas dentro da época em que estavam.
“Eu quero dizer, agora, o oposto do que eu disse antes”, cantou Raul. Somente uma pessoa evoluída consegue tal feito. Dizer, no hoje, o oposto do que foi dito no ontem é uma atitude para pessoas que deixam o orgulho de lado e estão dispostas a rever os próprios pensamentos e as próprias atitudes. É claro que, aqui, não estou me referindo àquelas pessoas que mudam de opinião por mera conveniência, isto é, agem por pura falsidade. Aqui, refiro-me a mudanças verdadeiras, depois de ter feito uma reflexão honesta, sincera e não ter tido medo de encarar uma opinião diferente da própria. Ser o oposto do que foi ontem é uma atitude de extrema coragem e de uma humildade louvável.
“Se hoje lhe odeio, amanhã lhe tenho amor”. É fugir das primeiras impressões. Somos muito tentados a julgar e condenar a partir delas. Por vezes, nunca chegamos a desfrutar de quem uma pessoa de fato é, devido a esta primeira impressão, seguida de julgamento e condenação. Transformamo-nos em juízes impiedosos, fazemos nossas próprias leis e damos as sentenças. Os preconceitos nascem assim! Se déssemos a chance de adentrar no conteúdo da outra pessoa ao invés de permanecermos apenas na casca, provavelmente o sentimento de hoje não seria o mesmo de amanhã.


Acreditar que existam princípios universais e imutáveis (como defendia o filósofo Parmênides) não implica em engessar o ser humano “nas velhas opiniões formadas sobre tudo”. Evolução, revolução do próprio ser... evoluir, jamais regredir. Pense nisso! Forte abraço: André Massolini

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