SIM, TEM JEITO!

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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A importância da dúvida!



Na Filosofia, temos um filósofo chamado René Descartes que criou o que chamamos de dúvida metódica. A grosso modo, podemos dizer que o filósofo francês nos diz para colocarmos tudo em dúvida (a dúvida levada ao extremo, por isso hiperbólica) e aí, ele, que duvida, não pode duvidar de que ele, duvidando, pensa. Ora, se ele pensa, então existe! E daí vem a máxima cartesiana: “Penso, logo existo”.
Tragamos a Filosofia para nossa vida prática: afinal, duvidar faz bem? Sinceramente, acredito que a dúvida é motivadora, renovadora e impulsionadora! A dúvida nos tira de posições cômodas, mostra que nossas certezas podem estar incertas, coloca em xeque a posição pretensiosa e presunçosa na qual nos apoiamos tantas e tantas vezes, como donos da verdade e da razão.
A dúvida nos leva a uma reflexão de nós mesmos, a nos perguntarmos: “Será que agi corretamente?”; “O que está acontecendo comigo?”; “Por que fui fazer aquilo?”; “Será que, na verdade, quem errou fui eu e não o outro que julguei precipitadamente?”; “Eu realmente sou uma pessoa que promove o bem, que leva a alegria, a concórdia e o amor às outras pessoas?”.
Enfim, a dúvida, quando bem empregada, tira-nos de posições rígidas, quebra nosso orgulho e faz com que mergulhemos nos questionamentos tão necessários ao nosso amadurecimento e crescimento.
Muitas atrocidades foram cometidas, na História da humanidade, justamente porque as pessoas não duvidaram, não questionaram, não se perguntaram sobre os porquês. Muitos agiram em nome da “tradição”, dos costumes ou do “é assim, sempre foi assim e sempre será assim” e não colocaram em dúvida a atitude praticada. Padre Fábio de Melo dá um belíssimo exemplo que esclarece perfeitamente o que estou querendo dizer: “Havia uma família que tinha uma receita muito saborosa para o preparo de um peixe. A tradição já tinha alcançado a terceira geração. O fato interessante é que o peixe era assado sempre sem a cabeça. Ninguém nunca havia questionado o fato. Quem o fez foi uma das meninas, que pertencia à terceira geração. Ao ser perguntada sobre a razão de o peixe ser assado sem a cabeça, a mãe da menina disse não saber. A resposta foi simples: ‘Sua avó me ensinou a fazer assim’. A menina, por sua vez, resolveu ir a fundo na investigação. A avó respondeu da mesma forma: ‘Aprendi com sua bisavó’. Tendo a oportunidade de perguntar o motivo à bisavó, a menina finalmente resolveu o enigma do peixe sem cabeça: ‘Não há razão alguma – disse a velha senhora. É que, na assadeira que eu tinha, o peixe nunca cabia inteiro’”.
Maravilhosa esta história! Acredito que ela fecha com chave de ouro o raciocínio empreendido neste post! E padre Fábio conclui: “Nem sempre a manutenção de uma tradição está amparada em motivos consistentes. O tempo passou, as assadeiras cresceram, mas os peixes continuam sendo assados sem as cabeças”.
Meus queridos leitores, quantas e quantas vezes as pessoas são meras reprodutoras de tradições arcaicas, elaboradas em períodos distintos, marcados por contextos históricos e costumes próprios daquele período. E não conseguem simplesmente colocar a dúvida e fazer um questionamento tão necessário para a evolução como ser humano! A dúvida, se mal feita, pode ser prejudicial como tudo que é empregado de forma incorreta. Porém, se feita com prudência, equilíbrio e sensatez, com certeza  nos torna cada vez melhores. Forte abraço: André Massolini


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