Meus
queridos, tenho observado que muitas pessoas cometem algumas atitudes e nem
percebem que tais atitudes estão causando alguns reflexos nada positivos em si
mesmas. Sem perceberem, começam a se colocarem à margem da própria vida.
O
TU ganha uma importância tão grande que o EU vai sendo colocado de lado,
entende? E é aí que começamos a perceber algumas atitudes tais como:
acredita-se firmemente que a razão da felicidade está no TU e não no próprio
EU; acredita-se que não existe mais possibilidade de felicidade sem estar em
contato com o TU; acredita-se que a razão do existir está no TU; acredita-se
que jamais será possível amar uma outra pessoa; acredita-se que o TU é o maior
amor que já aconteceu ao EU.
Veja
bem, aqui não estou querendo colocar em xeque a veracidade do amor! Sim, ele
acontece e é real! A vida do EU pode ter ganhado um colorido diferente ao estar
amando o TU, sem dúvida. Assim como, o EU pode, de fato, não ter amado tão
fortemente alguém como ama o TU agora. Contudo, apesar de não estar duvidando
do amor, estou questionando a divinização que fazemos do mesmo, sem que
percebamos que ele é um sentimento que foi construído e cultivado por nós
mesmos. Foram nossas atitudes, nosso comportamento e posicionamento do EU
diante do TU que possibilitaram que o sentimento surgisse. Sim, o amor, em si
mesmo, é algo que considero “irracional”, tendo em vista que, na grande maioria
das vezes, não conseguimos explicar porque amamos! É como querer dar as razões
do porquê se gosta do vermelho, do amarelo, de tomates ou de comida japonesa!
Porém, apesar de considerar que o amor seja um sentimento irracional (no
sentido de não ser explicado racionalmente), a forma como vivemos este
sentimento deve ser racional! Se não vivermos o amor de forma racional (e aqui
entendo racional como equilíbrio, sensatez e conhecimento de si mesmo e do
outro), então teremos uma relação também irracional, isto é, cheia de
conflitos, possessividade, anulações e humilhações diversas. A relação será
para ver quem manda mais e não um caminhar lado a lado, respeitando as
diferenças e as características de cada um.
Quando
acredita-se em tudo aquilo que citei no início do parágrafo anterior, então,
como consequência, o EU ficará dependente do TU. Ora, a partir do momento em que
se cria uma relação de dependência, muito provavelmente acontecerá o abandono
de si mesmo. Isto nada mais é do que o abandono do EU! O EU sai do centro de si
mesmo para ceder lugar ao TU.
É aí que vemos as situações de humilhações, de
desrespeito e, ainda assim, o EU continua se rastejando pelo TU. Por quê?
Porque ele colocou o TU no centro e acredita que ficar sem o TU é como ficar
sem o próprio coração! É como se não pudesse viver mais! Então, passa a aceitar
estas situações. Curva-se diante do desrespeito, das humilhações, das ofensas e
das atitudes que, antes, consideraria absurdas. Anula-se diante do TU! Abandona
o EU! Abandona, assim, o amor próprio e prefere se considerar vítima de todas
estas situações. É mais fácil fazer-se de vítima, pois assim acomoda-se na
posição sofredora e não precisa agir. E sabe por que a pessoa não quer agir?
Porque agir significa colocar o EU no seu devido lugar e, assim, tomar as
atitudes que precisam ser tomadas! É preferível entregar-se às lágrimas a
arregaçar as mangas e empreender a reconstrução de si mesmo. Somos tratados da
maneira que permitimos sermos tratados! Quando o EU deixa de estar no centro e
cede lugar ao TU, fica à margem da própria vida, assistindo e aceitando as
atitudes praticadas pelo outro.
Olhe
para sua vida e pergunte-se se você não se colocou à margem da própria vida!
Você não se abandonou? Se sim, o que precisa ser feito? O TU tem todo o direito
e liberdade de lhe abandonar, mas você jamais pode abandonar seu próprio EU,
nunca!
Assuma o centro de sua vida novamente! Coloque-se em seu devido lugar!
Colocar-se em seu devido lugar não é ser egoísta ou prepotente, mas apenas ter AMOR
PRÓPRIO. E quando você coloca o EU no centro de sua vida e, assim, tem o amor
próprio, então o TU estará no seu devido lugar também. Cada qual no seu lugar.
Só assim poderá estar bem e ter uma relação equilibrada. Esta, por sua vez, não
significa ausência de conflitos ou desentendimentos, mas apenas que o bem-estar
será mil vezes superior aos pequeninos mal-estares que acontecerão justamente
por fazerem parte de qualquer relação tipicamente humana. Pense nisso! Forte
abraço: André Massolini
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