Não gosto de escrever sobre coisas tristes, tendo em
vista que é o que mais vemos em noticiários ultimamente. Porém, o ser humano
ainda está longe de alcançar estágios nos quais possamos realmente exclamar:
ele é humano!
Num encontro na faculdade de
Filosofia, em Rio Claro, numa roda de “filósofos”, um deles disse assim: “Para mim, o que não é cristão não existe!”.
Ele tinha a expressão de um grande sábio, dizendo uma grande verdade! Alguém
poderia estar se perguntando: “Isto deixou você triste?”. Talvez não tivesse
ficado tão triste se não se tratasse de um professor de Filosofia, de confissão
religiosa evangélica.
A Filosofia se propõe como a
arte do pensar, do refletir, de fazer as pessoas deixarem o senso comum e
adquirirem o senso crítico. Enfim, o propósito da Filosofia é bom. Mas, o que
fazer diante de uma pessoa, formadora de opiniões, quando leva os outros a não
serem críticos, mas carrascos? Este professor feriu a Filosofia, fazendo com
que seus alunos tenham uma visão negativa de tudo aquilo que não é cristão.
Este professor,
provavelmente, acredita que sua visão é a universal. Tem a pretensão e a
prepotência de achar que seu pensamento deve ser o pensamento universal, ou
seja, acha que tudo deve ser conforme o jeito que ele pensa... todo o resto é
errado e, como ele mesmo disse, “não existe”.
Para a Filosofia, dizer que
algo “não existe” é muito sério. É trabalhar com a categoria do “não-ser”. Ora,
como ficam os budistas? Os muçulmanos? Os hindus? Os judeus? Aqui podemos
entender o que se passou na cabeça de Hitler...
É inadmissível um filósofo
assim pensar. Porém, vivemos na sociedade em que muitas coisas inadmissíveis
acontecem: é admissível essa roubalheira na política? A política é destinada ao
bem comum e não ao bolso, carregado de propinas. Obras são feitas não tendo em
vista o bem comunitário, mas sim o quanto se superfaturará com elas.
É triste pensar que as
pessoas ainda olham as outras através dos rótulos, dos padrões e,
principalmente, medindo e julgando os outros a partir de si mesmos, achando que
elas mesmas são os padrões de medidas válidos para julgar as pessoas. Jamais
posso dizer que algo “não existe”, apenas por estar fora do que eu considero
como padrão. Meu padrão é apenas meu padrão, não posso ter a pretensão de
generalizá-lo.
“Quem vai querer sair com
alguém que tem um corpo desse?” Sim, terá alguém que vai querer sair sim! Terá
alguém que irá amar esta pessoa sim! Terá alguém que moverá céus por esta
pessoa sim! E sabe por quê? Porque estas coisas existem, porque as pessoas
existem e porque, graças a Deus, a diversidade existe e ninguém é igual a
ninguém. Graças a Deus, o universal não se assemelha a pensamentos tão
mesquinhos e restritos a uma mente egoísta e fútil, que julga as pessoas a
partir de seu gosto pessoal. Quem acredita que, aquilo que foge do que ele tem
como padrão, “não existe”, está deixando de contemplar tudo o que há de belo e
bom nestas coisas, porque sim, queira você ou não, elas existem! Forte abraço:
André Massolini
Parabéns pela sua forma sutil de fazer com que a gente reflita sobre nosso comportamento e, graças a Deus, reveja nossos conceitos.
ResponderExcluirTriste, pra mim, eh o key "não existe"(ideias), nos afetar realmente...
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