Vivemos
em uma época na qual parece que ser feliz é uma obrigação da qual não se pode
negligenciar sob pena de severa condenação.
Tem
muita gente ficando rica, vendendo “receitas de felicidade”. Nunca se viu tanta
publicação de autoajuda como agora. Será que realmente existe uma fórmula para
se alcançar a felicidade? Aliás, a felicidade é uma obrigação?
Alguns
poderiam estar achando o teor deste artigo um tanto quanto incoerente, tendo em
vista que, todos os dias, apresento um programa justamente de
autoajuda, positividade e que busca despertar a autoestima nas pessoas.
Milhares de pessoas me ouvem e se animam e relatam melhoras de humor que
realmente me deixam comovido.
Contudo,
meu propósito nunca foi e não é dar “receitas
de felicidade” ou fórmulas milagrosas a fim de ser feliz. E sabe por quê?
Porque elas não existem! Cada um de nós é um ser humano único, com
características próprias e originais; cada um de nós (ainda bem, bendito seja!)
tem um jeito próprio, individual e único de olhar, enfrentar e encarar as
situações (as pessoas encararão uma mesma situação de forma totalmente diferente).
Sendo assim, é evidente que a felicidade será apreendida, entendida e
vivenciada de formas distintas.
Vivemos,
também, na era das redes sociais. Selecionamos as fotos dos melhores momentos
para postarmos (ninguém postará fotos tristes, de momentos de angústia ou de
dor). Postaremos fotos alegres, em ambientes festivos e repletos de sorrisos. É
o “photoshop” da vida real. Cobrimos as imperfeições, escondemos a lágrima e
estampamos o sorriso! Muitas vezes, por detrás de uma pessoa que tem dois mil
amigos na rede, esconde-se uma pessoa solitária, insegura e amedrontada com a
realidade. Prefere o mundo virtual ao real. Prefere as fotos alegres a
partilhar suas angústias reais e concretas. Aliás, angústia, tristeza ou
qualquer coisa semelhante deve ser escondida, como se fosse um pecado capital
neste mundo da alegria e felicidade celestiais.
Não
é errado ficar triste! A tristeza faz parte da condição humana, pelo amor de
Deus! Não é errado sentir angústia! Não é errado chorar! Muitos classificam
estes sentimentos como negativos. Em contrapartida, classificam a alegria e a
felicidade como sendo os positivos. Sim, todos buscamos a felicidade. Sim,
todos queremos estar e ser alegres, concordo. Porém, não precisamos endemoninhar
a tristeza.
Por
que a tristeza não pode, também, ser um sentimento positivo? Ora, em muitas
situações é a partir dela que percebemos o verdadeiro rumo que devemos seguir.
A vida não é constituída apenas de vitórias. Infelizes aqueles que não sabem
aproveitar as derrotas. Sim, todos lutamos e empreendemos esforços para vencer
e não para perder. Mas as derrotas acontecem, os fracassos e os insucessos. A
questão é como lidaremos com eles! Eles podem ser força e incentivo e não
vergonha e humilhação. Não somos obrigados a sermos felizes todos os dias, 365
dias por ano! E nem podemos, pois se assim quiséssemos estaríamos nos enganando
e jogando situações que precisariam ser encaradas de frente para debaixo do
tapete (a pessoa finge que não perdeu, finge que não está triste, finge que não
sofre etc). Algo que vai para debaixo do tapete ganha força redobrada (a
sujeira debaixo do tapete acumula-se, fica abafada e cria um ambiente propício
para a proliferação de bactérias). Quando fingimos alguma coisa e jogamos a
situação para debaixo do tapete, em muitos casos ela volta muito pior depois. É
por isso que algumas pessoas sofrem de quadros depressivos e ansiedades
extremas. Nada mais são que situações jogadas para debaixo do tapete colorido
chamado “felicidade” e que desenvolveram as bactérias nocivas à saúde psíquica.
Se
você está triste, não se preocupe, você não é um perdedor! É apenas um ser
humano como qualquer outro. Lembro-me de uma passagem de Eclesiastes que diz
mais ou menos assim: “Há um tempo certo para cada coisa: tempo de nascer, tempo
de morrer; tempo de plantar, tempo de colher”. Não caia nas promessas dos lobos
em pele de cordeiro, oferecendo felicidade num passe de mágica. Eles, na
verdade, estão se aproveitando do seu momento de fraqueza. Aliás, é na fraqueza
que você percebe o quanto é forte! Lembre-se disso e você se tornará um ser
humano feliz... embora tenha tristezas, decepções e frustrações! Forte abraço: André Massolini
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