Meus
queridos, a letra de Raul Seixas pode, muito a grosso modo e não de forma
acadêmica, claro, lembrar um embate antiquíssimo da Filosofia, presente nas
teorias de Parmênides e Heráclito.
Um
falava sobre a imutabilidade do ser (Parmênides), ao passo que o outro falava
que tudo era devir, era o processo do vir-a-ser, era a transformação, o
movimento (Heráclito). Não quero dissertar sobre as propriedades do ser ou
utilizar de termos filosóficos, mas, a partir deles e da letra de Raul, falar
sobre a importância de nos abrirmos ao novo.
Raul
preferia ser a metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre
tudo. Com toda certeza, seria discípulo de Heráclito. É o processo de evolução
do ser humano! E ainda bem que evoluímos. Se não fosse isso, as mulheres ainda
estariam sem votar e os negros acorrentados a troncos, entre tantas outras
barbaridades que só podem ser entendidas dentro da época em que estavam.
“Eu
quero dizer, agora, o oposto do que eu disse antes”, cantou Raul. Somente uma
pessoa evoluída consegue tal feito. Dizer, no hoje, o oposto do que foi dito no
ontem é uma atitude para pessoas que deixam o orgulho de lado e estão dispostas
a rever os próprios pensamentos e as próprias atitudes. É claro que, aqui, não
estou me referindo àquelas pessoas que mudam de opinião por mera conveniência,
isto é, agem por pura falsidade. Aqui, refiro-me a mudanças verdadeiras, depois
de ter feito uma reflexão honesta, sincera e não ter tido medo de encarar uma
opinião diferente da própria. Ser o oposto do que foi ontem é uma atitude de
extrema coragem e de uma humildade louvável.
“Se
hoje lhe odeio, amanhã lhe tenho amor”. É fugir das primeiras impressões. Somos
muito tentados a julgar e condenar a partir delas. Por vezes, nunca chegamos a
desfrutar de quem uma pessoa de fato é, devido a esta primeira impressão,
seguida de julgamento e condenação. Transformamo-nos em juízes impiedosos,
fazemos nossas próprias leis e damos as sentenças. Os preconceitos nascem
assim! Se déssemos a chance de adentrar no conteúdo da outra pessoa ao invés de
permanecermos apenas na casca, provavelmente o sentimento de hoje não seria o
mesmo de amanhã.
Acreditar
que existam princípios universais e imutáveis (como defendia o filósofo
Parmênides) não implica em engessar o ser humano “nas velhas opiniões formadas
sobre tudo”. Evolução, revolução do próprio ser... evoluir, jamais regredir.
Pense nisso! Forte abraço: André Massolini
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