Não vivo sem você! Será?

Meus queridos, conhecendo os “bastidores” do ser humano, através da análise dos casos enviados ao Canal Ponto de Vista, quantas vezes deparei-me com relatos de extrema anulação, nos quais as pessoas simplesmente jogavam o amor próprio na lata de lixo e viviam à espera de migalhas de afeto, de atenção, de carinho, de amor! Rastejavam feitos vermes, como se o viver delas estivesse ligado ao existir da outra pessoa. É nesta situação que ouvimos ou lemos frases como: “Não existo sem você”; “Você é a razão do meu existir”, entre outras.

Não, não e não! Jamais o nosso existir está condicionado ao existir de uma outra pessoa! O existir do EU independe do TU! Evidente que somos seres que se relacionam com outros seres, afinal, nenhum homem é uma ilha. Contudo, relacionar-se significa que minha vida tem significado e está em contato com uma outra que tem seu significado também. Sim, podemos formar um significado em comum, porém, caso um dos dois deixe de existir (seja por falecimento ou pelo fato do término da relação), meu existir continuará, afinal de contas eu existia antes de conhecer tal pessoa. Portanto, devo resgatar meu significado e, por vezes, dar um ressignificado à minha existência. Nada mais é que reconstruir-se. Eis a maravilha do ser humano! Temos a possibilidade de nos reconstruirmos, de atribuirmos um novo significado à nossa própria existência. Por que meu existir perderá o significado pelo fato da outra pessoa não querer mais caminhar a meu lado? É hora de resgatar o meu existir e começar a dar um significado novo a partir do término.

De forma alguma estou dizendo que isto é fácil. Aliás, o sofrimento e o sentimento de desolação serão proporcionais ao sentimento que nutríamos. Contudo, é necessário que tenhamos esta consciência, porque senão enviamos uma ordem a nosso cérebro de que é impossível viver sem a outra pessoa, de que minha vida não tem mais razão de ser sem a presença dela e, com isso, nosso psíquico começa a ter comportamentos proporcionais às ordens recebidas. E é aí que muita gente se perde, fica totalmente desorientada e sem rumo e, de fato, acredita que o existir não tem mais graça e nem sentido.

Jamais percamos de vista que nossa existência depende de como nos posicionamos diante dos fatos que se apresentam diante de nosso existir, e não ao fato da pessoa estar ao nosso lado! Ter uma pessoa pela qual nutrimos um sentimento verdadeiro é, sem dúvida, muito bom e dá um sabor gostoso a nosso existir. Porém, quando ela nos deixa, nosso existir continua e somos chamados à reconstrução; somos chamados ao resgate do EU que nunca deixou de existir, apenas estava em contato com o TU. E o recado que você tem que enviar ao cérebro é o seguinte: é difícil, mas não impossível; estou me reerguendo e me reconstruindo. A relação desmoronou, contudo não ficarei debaixo dos escombros, ao contrário, irei usá-los na edificação da escada da minha felicidade. Pense nisso! Forte abraço: André Massolini