Vivemos
para morrer. Eis uma verdade indubitável! Não deixa de ser, também, uma das
questões pensadas pela Filosofia.
Cada
dia a mais é, na verdade, um dia a menos. Tem gente que quando me ouve dizer
esta frase, exclama: “Credo, André”! Porém, não entendo o porquê do espanto,
tendo em vista que podemos colocar em xeque tudo (lembremos do grande filósofo
Descartes que nos ensinou a dúvida metódica). Ou seja, podemos duvidar de tudo
(e a dúvida é boa, pois muitas vezes nos tira de posições cômodas e do famoso status quo), mas a morte é algo que não
combina com a dúvida! Não dá pra duvidar de que morreremos; assim também como
não dá pra duvidar de que as pessoas que amamos também morrerão. Portanto, fica
explícito que a morte é a grande certeza que permeia a vida.
Heidegger
disse que a morte é a possibilidade de que todas as nossas possibilidades se
tornem impossíveis. Mais uma verdade! Portanto, resta-nos uma alternativa
diante de algo que é certo: encará-la de frente e aprender a lidar com esta
situação que amedronta e joga tantas pessoas no fundo do poço existencial.
Já
vi pessoas envelhecerem devido à morte de uma pessoa amada; já vi pessoas adoecerem;
já vi pessoas desistirem da vida e cometerem o que chamo de “suicídio em conta
gotas” (a pessoa, inconscientemente, sente o desejo de morrer também e aí
começa a negar a vida: deixa de cuidar de si mesma, deixa de ter autoestima,
deixa de se alimentar adequadamente e entrega-se a vícios prejudiciais à saúde,
como bebidas e cigarros); já vi pessoas “enterrarem-se” em tristeza e angústia,
assim como enterraram a pessoa amada. Enfim, já vi muitos casos... mas, todos
eles têm esse fio condutor: não saber lidar com a perda.
Assisti
ao filme “Tão forte e tão perto”, que retrata o que aconteceu na vida de um
garoto depois que seu pai (Tom Hanks)
morreu no atentado ao World Trade Center,
em 11 de setembro de 2001. O filme é simplesmente fantástico e confesso que me
emocionei em diversas cenas. A morte de alguém que amamos pode trazer sérios traumas
e conflitos em nossa vida se não soubermos lidar com ela.
Não
estou minimizando a dor, de forma alguma! Não me interpretem mal. Eu também já
sofri demais com a morte de pessoas que eu realmente amava. Porém, hoje,
acredito que consigo olhar a morte sob novo prisma e é isto que estou querendo
compartilhar.
Quando
a pessoa ainda estava viva, convivendo conosco, o que nos unia? Ora,
sentimento! Meus amados leitores, a morte não põe fim ao sentimento, jamais! A
pessoa que se foi mantém o sentimento de carinho, amor e desejo de que façamos
e vivamos da melhor forma nossa vida. Portanto, podemos ficar nos questionando
sobre os porquês, sobre por que uma pessoa boa padece com uma doença e os maus
desfrutam de boa saúde, sobre por que aquela tragédia aconteceu, sobre por que
não disse que amava, sobre por que não pedimos desculpas, sobre por que não
aconteceu comigo ao invés da pessoa e tantos outros infindáveis questionamentos
que, de forma alguma, mudarão a perda e nem darão outro significado a ela. As
respostas a estas perguntas não nos trarão a pessoa de volta! Por que, então,
torturar-nos com elas?
Façamos
de nossa vida uma grande homenagem à pessoa que se foi e que amávamos e
continuaremos amando (porém, de uma forma nova... um amor na ausência e não
mais na presença; um amor que nos impulsiona à vida e não que nos restringe
dela). Façamos com que a pessoa que se foi tenha orgulho de nós! E ela terá
orgulho quanto mais gostarmos de nós, quanto mais nos importarmos conosco, com
nosso bem-estar e com a valorização que devemos dar à vida.
Façamos
da nossa vida o dom que ela deve ser. A pessoa que se foi está celebrando a
vida também, porém em uma outra realidade e ela jamais irá querer que, por
causa dela, deixemos de celebrar o maravilhoso dom de viver. Forte abraço e paz
no coração: André Massolini
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